Nao nos morres assim tao cedo

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É sempre fácil gerar consensos depois de morto. Penso que Álvaro Cunhal não quererá os elogios fúnebres de quem o traiu politicamente e especialmente de quem o combatia violentamente antes do 25 de Abril. Poder-se-á discordar de muito que tenha dito e feito, mas ninguém lhe pode retirar o mérito de ter organizado e sustentado a única resistência activa ao antigo regime. Os protegidos de então talvez agora tenham a coragem de o afrontar. Mas não se esqueçam que a morte física nem sempre representa esquecimento. E, no caso de Ávaro Cunhal, penso que a história lhe fará justiça lembrando-o como um homem íntegro que acreditou numa utopia até ao final da sua vida. Talvez a alma de artista não seja alheio a esse percurso fatalista. Perdeu politicamente mas fez, ou melhor, espero que faça escola junto das geraçoes vindouras.

Ainda que nunca quisesses admitir a desumanidade do regime soviético lutaste de corpo e alma pela liberdade do povo português. Pela coerência, verticalidade e dignidade com que preencheste o teu destino o povo português deve-te a mais representativa das condecoraçoes. A memória!